O Museu da Imigração começa hoje a série “Hospedaria de Histórias” dedicada a revelar usos e curiosidades sobre nosso maior acervo: o monumento em que estamos localizados.
Tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT) em 1982, a antiga Hospedaria de Imigrantes do Brás abrigou por volta de 2,5 milhões de (i)migrantes, chegando a ter em suas dependências oito mil pessoas em um só dia.
Para acomodar, alimentar, medicar, registrar e encaminhar esses imigrantes para o trabalho era necessária uma complexa e diversificada estrutura.
Passeando pelos corredores, exposições e jardim do museu, muitas vezes não nos atentamos aos usos que os imigrantes faziam desses espaços e, eventualmente, alguns detalhes preciosos passam despercebidos ao nosso olhar.
Onde ficava o refeitório, o dormitório, a sala de bagagens, as enfermarias, o hospital, etc.? Em qual lugar os (i)migrantes negociavam contratos de trabalho ou postavam correspondências? Quando e em qual área era realizado o registro de matrícula? Como era o cotidiano na Hospedaria e das milhares de pessoas que por aqui passaram?
Hoje mostraremos um pouco das marcas literais deixadas pela imigração em nosso prédio histórico. O portão principal da Hospedaria, onde hoje é saída do Museu, sofreu diversas modificações ao longo dos anos. Seus tijolos – que muitas vezes não são vistos pelo mais distraídos – se observados com atenção, guardam incríveis registros. Muitos deles possuem marcas com nomes, assinaturas e datas que foram gravadas ao longo do tempo. Quem será Nicola Marauccia ou F.A.T, por exemplo, que gravou essas iniciais em 12.07.1901?
Suas marcas revelam, visivelmente, a porta de entrada da contribuição cultural trazida pelos (i)migrantes ao Brasil. Hoje, a saída do Museu finaliza a visita pelo espaço, é o último local por onde se passa antes de se despedir do prédio. No século XIX e XX esse local era, para muitos (i)migrantes, o ingresso de uma nova vida. Essas inscrições são parte da história da Hospedaria e do Museu da Imigração. Se as intenções de Nicola e F.A.T eram se inscrever na história e deixar suas marcas, obtiveram êxito.
Imigrantes entrando na Hospedaria do Brás pelo portão principal
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