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Conhecendo o acervo: vitrine futebol

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O Museu da Imigração apresenta como vitrine do mês de julho um conjunto de fotografias de equipes de futebol das várzeas do bairro que abriga nossa instituição, a Mooca.

Futebol é mais que um esporte coletivo; é uma prática comunitária. E no futebol de várzea, ou amador, esta afirmação é ainda mais carregada de força. Os jogadores podem representar um bairro, uma fábrica, os amigos e familiares ou ser um grupo que se une pela lembrança de um local distante, de onde possam ter imigrado – ou eles, ou os pais – fortalecendo uma coesão de identidade em terras estrangeiras. Nem sempre esse elo se dá em torno de uma ideia de nação em seu sentido mais amplo, mas por aspectos quase sentimentais e poéticos que na memória dos emigrados ainda permanece, com ainda mais força.

O caso da tradicional equipe do Danúbio Azul, aqui representada, é interessante. Ela foi criada por um húngaro que nomeou o time, junto a seus amigos, de modo a homenagear o famoso rio do leste europeu que passava em sua cidade natal. É saboroso imaginar que tipo de memórias norteou este homem ao fundar o time com o nome de um rio.

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Enquanto envergam suas camisas, esses indivíduos são guerreiros, heróis, mais do que amigos ou familiares. Mas todos os que ali estão presentes no dia de uma partida – sejam filhos, filhas, esposas, colegas de trabalho, juízes, simpatizantes, conhecidos do bairro, ou meros curiosos – comungam de uma experiência de comunidade e de representação que somente um futebol tão improvisado quanto o de várzea pode proporcionar: a quase inexistência de uma arquibancada que divide a ação de quem a assiste, ou os preparativos do antes e a possível festa (em caso de vitória), do pós-jogo, ou mesmo em caso de discordância e eventual briga, quando não havia discriminação entre torcida e boleiros.

As várzeas dos rios ou arrabaldes são o cenário da gênese de um futebol mais popular em São Paulo, hoje desaparecidos nos bairros mais antigos, mas que ainda sobrevivem nas periferias da cidade, assim como a maioria dos times do futebol amador. Não deixa de ser interessante pensar, ao vermos prédios, construções, ruas e avenidas por aí, que pode haver uma história e uma memória por debaixo de asfaltos, cimentos e concretos; que há gols, que há vitórias, que há derrotas, que há comunidades inteiras formadas sobre o chão de terra batida que hoje jaz nos pisos da cidade. Olhar tais fotografias é realizar uma espécie de arqueologia do que um dia a cidade e o bairro já abrigaram, bem como os olhos, os corações e as chuteiras.

Venha conferir a vitrine temática sobre o futebol no Museu da Imigração!

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